Consumidores brasileiros pagam até 13,4% a mais nas contas de energia elétrica devido a ligações clandestinas e roubos de energia, conhecidos como “gatos”. Os dados são da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e referem-se ao ano de 2023. De acordo com a agência reguladora, as fraudes e furtos de energia elétrica afetam o valor regulatório incluído na tarifa do consumidor comum. Pelas regras do setor, essas perdas, assim como as perdas técnicas (resultantes de falhas no sistema ou efeitos climáticos durante a geração e distribuição), são divididas entre todos os consumidores de energia.

A Aneel divulgou em seu relatório do dia 18 de julho que a concessionária Amazonas Energia é a que mais sofre com “gatos”, com um impacto de 13,4% na tarifa de seus clientes. Já na Cemig, principal empresa energética de Minas Gerais, esse impacto é bem menor, de 1,4% na conta de luz dos consumidores.

Segundo o relatório da Aneel, as perdas técnicas, inevitáveis em qualquer sistema de distribuição, variam conforme as características de carregamento e configuração das redes de cada área de concessão. São reconhecidas nas tarifas pela Aneel apenas os níveis eficientes. O sistema de distribuição é dividido em segmentos de rede (alta, média e baixa tensão), transformadores, ramais de ligação e medidores. Aplicam-se modelos específicos para cada segmento, utilizando informações simplificadas das redes e equipamentos existentes, como comprimento e bitola dos condutores, potência dos transformadores e energia fornecida às unidades consumidoras.

Com base nessas informações, estima-se o percentual de perdas técnicas eficientes sobre a energia injetada, que é a energia elétrica inserida na rede de distribuição para atender aos consumidores, incluindo as perdas.

As perdas não técnicas, apuradas pela diferença entre as perdas totais e as perdas técnicas, têm origem principalmente em furtos (ligações clandestinas, desvios diretos da rede), fraudes (adulterações no medidor ou desvios), e erros de leitura, medição e faturamento. Essas perdas, também conhecidas como “gatos”, estão amplamente associadas à gestão da concessionária e às características socioeconômicas das áreas de concessão. Na regulação, os montantes de perdas não técnicas têm sido divididos pelo mercado de baixa tensão, onde essas perdas ocorrem predominantemente.

Em 2023, as perdas totais representaram 14,1% da energia injetada, sendo 7,4% referentes às perdas técnicas (42,0 TWh) e 6,7% às perdas não técnicas (38,2 TWh). As perdas não técnicas regulatórias, reconhecidas nas tarifas, foram de 27,3 TWh. Para comparação, o consumo residencial da região Sul em 2023 foi de 26,9 TWh, segundo o Anuário Estatístico de Energia Elétrica 2024 da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).